From Indigenous Peoples in Brazil
News
NOTA DE SOLIDARIEDADE AO POVO PURUBORÁ
21/10/2025
Fonte: CPT - https://cptnacional.org.br/
NOTA DE SOLIDARIEDADE AO POVO PURUBORÁ
"Somos resistência, não vão nos calar, mesmo diante do acontecido."
(J.P., liderança Puruborá)
A Comissão Pastoral da Terra Regional Rondônia (CPT-RO) vem a público externar sua solidariedade ao Povo Puruborá, frente à violência sofrida, movida pelo ódio e ambição daqueles que carregam em suas ações essas posturas de racismo, xenofobia, dentre outros desrespeitos à vida.
Na noite desta segunda-feira, 20 de outubro, um incêndio criminoso destruiu a escola e casa de reza (maloca) construída de madeira e palha, seguindo as construções tradicionais, na aldeia Aperoí, no município de Seringueiras, em Rondônia. Situado nas proximidades da BR-429, o local era utilizado também pelos Puruborá como espaço dos encontros comunitários do povo indígena.
O povo já havia denunciado a violência sofrida no último sábado, quando disparos intimidatórios atingiram a casa da cacica do povo. Ela, assim como outras lideranças, há anos sofrem ameaças de grileiros de terras que invadiram seu território tradicional, sem uma ação efetiva do Estado quanto à proteção das famílias e comunidades e na investigação e punição aos responsáveis pelos atos criminosos.
As ameaças prejudicaram inclusive o estudo antropológico do Grupo de Trabalho governamental, responsável por levantar a história e os locais de ocupação tradicional do povo indígena. Até o momento, o trabalho não foi retomado com medidas de proteção para o grupo.
As terras tradicionais dos Puruborá estão localizadas entre os municípios de Seringueiras e São Francisco do Guaporé, às margens do Rio Manoel Correia e Caio Espíndola, afluentes do Rio São Francisco e este do Rio São Miguel, na bacia do Guaporé, que aporta águas ao Mamoré e Madeira, na grande bacia amazônica.
Estes rios (Caio Espíndola e Manoel Correia) foram batizados com este nome pelo próprio Marechal Rondon, nas comissões exploratórias lideradas pelo sertanista a inícios do século XX. Foi o mesmo Rondon que já então demarcou o território indígena Puruborá. Porém, de forma errônea, o povo foi dado por extinto em 1940, após o seu território ser transformado em exploração seringalista de forma abusiva.
Dizimados e espalhados, depois da crise dos seringais, e especialmente depois da construção da estrada BR 429, que cruza o seu território, os Puruborá conseguiram se reagrupar e pleitear o reconhecimento de sua identidade indígena no início do século XXI. Revertendo a falta de reconhecimento negada pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e pela atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), com apoio do Conselho Missionário Indigenista (CIMI) e do Ministério Público Federal, os povos se reencontraram e organizaram eles próprios o levantamento cultural de suas raízes, assim como da língua indígena Puruborá, de tronco Tupi, com ajuda dos últimos anciãos e anciãs falantes da língua, que hoje continua sendo ensinada na escola da aldeia.
Após o reconhecimento oficial, os Puruborá passaram também a reivindicar a demarcação do seu território tradicional, que até pouco era uma das últimas áreas não desmatadas das proximidades da BR 429, e um verdadeiro corredor ecológico entre a TI Uru Eu Wau Wau e a Reserva Biológica do Guaporé. Porém, nas últimas décadas, a terra tem sido invadida e desmatada impunemente, inclusive com ajuda de processos de titulação indevida pelo programa Terra Legal.
Por este motivo, as comunidades indígenas sofrem perseguição e ameaças há anos, como denunciaram em 2024 no Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (Relatório de Missão ao Estado de Rondônia de 6 a 9 de março de 2024).
Um dos problemas denunciados é a contaminação e a mortalidade de peixes por uso abusivo de agrotóxicos pelas fazendas e invasores da região, que começaram a plantar soja na área tradicional indígena.
Uma operação em março deste ano prendeu 17 pessoas e equipamentos, por suspeitas de envolvimento em crimes ambientais na região, durante uma operação do Batalhão de Polícia Ambiental e da Polícia Militar, de combate ao desmatamento ilegal na região.
Neste sentido, a CPT se soma aos povos e comunidades tradicionais de Rondônia na luta pela sua dignidade, reconhecimento e permanência na terra de seus ancestrais, ao mesmo tempo que reivindica justiça diante dos crimes cometidos contra o direito à educação, à liberdade religiosa e à cultura do povo Puruborá.
Comissão Pastoral da Terra (CPT) - Regional Rondônia
21 de outubro de 2025
https://cptnacional.org.br/2025/10/21/nota-solidariedade-povo-purubora/
"Somos resistência, não vão nos calar, mesmo diante do acontecido."
(J.P., liderança Puruborá)
A Comissão Pastoral da Terra Regional Rondônia (CPT-RO) vem a público externar sua solidariedade ao Povo Puruborá, frente à violência sofrida, movida pelo ódio e ambição daqueles que carregam em suas ações essas posturas de racismo, xenofobia, dentre outros desrespeitos à vida.
Na noite desta segunda-feira, 20 de outubro, um incêndio criminoso destruiu a escola e casa de reza (maloca) construída de madeira e palha, seguindo as construções tradicionais, na aldeia Aperoí, no município de Seringueiras, em Rondônia. Situado nas proximidades da BR-429, o local era utilizado também pelos Puruborá como espaço dos encontros comunitários do povo indígena.
O povo já havia denunciado a violência sofrida no último sábado, quando disparos intimidatórios atingiram a casa da cacica do povo. Ela, assim como outras lideranças, há anos sofrem ameaças de grileiros de terras que invadiram seu território tradicional, sem uma ação efetiva do Estado quanto à proteção das famílias e comunidades e na investigação e punição aos responsáveis pelos atos criminosos.
As ameaças prejudicaram inclusive o estudo antropológico do Grupo de Trabalho governamental, responsável por levantar a história e os locais de ocupação tradicional do povo indígena. Até o momento, o trabalho não foi retomado com medidas de proteção para o grupo.
As terras tradicionais dos Puruborá estão localizadas entre os municípios de Seringueiras e São Francisco do Guaporé, às margens do Rio Manoel Correia e Caio Espíndola, afluentes do Rio São Francisco e este do Rio São Miguel, na bacia do Guaporé, que aporta águas ao Mamoré e Madeira, na grande bacia amazônica.
Estes rios (Caio Espíndola e Manoel Correia) foram batizados com este nome pelo próprio Marechal Rondon, nas comissões exploratórias lideradas pelo sertanista a inícios do século XX. Foi o mesmo Rondon que já então demarcou o território indígena Puruborá. Porém, de forma errônea, o povo foi dado por extinto em 1940, após o seu território ser transformado em exploração seringalista de forma abusiva.
Dizimados e espalhados, depois da crise dos seringais, e especialmente depois da construção da estrada BR 429, que cruza o seu território, os Puruborá conseguiram se reagrupar e pleitear o reconhecimento de sua identidade indígena no início do século XXI. Revertendo a falta de reconhecimento negada pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e pela atual Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), com apoio do Conselho Missionário Indigenista (CIMI) e do Ministério Público Federal, os povos se reencontraram e organizaram eles próprios o levantamento cultural de suas raízes, assim como da língua indígena Puruborá, de tronco Tupi, com ajuda dos últimos anciãos e anciãs falantes da língua, que hoje continua sendo ensinada na escola da aldeia.
Após o reconhecimento oficial, os Puruborá passaram também a reivindicar a demarcação do seu território tradicional, que até pouco era uma das últimas áreas não desmatadas das proximidades da BR 429, e um verdadeiro corredor ecológico entre a TI Uru Eu Wau Wau e a Reserva Biológica do Guaporé. Porém, nas últimas décadas, a terra tem sido invadida e desmatada impunemente, inclusive com ajuda de processos de titulação indevida pelo programa Terra Legal.
Por este motivo, as comunidades indígenas sofrem perseguição e ameaças há anos, como denunciaram em 2024 no Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Agrários do Ministério de Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (Relatório de Missão ao Estado de Rondônia de 6 a 9 de março de 2024).
Um dos problemas denunciados é a contaminação e a mortalidade de peixes por uso abusivo de agrotóxicos pelas fazendas e invasores da região, que começaram a plantar soja na área tradicional indígena.
Uma operação em março deste ano prendeu 17 pessoas e equipamentos, por suspeitas de envolvimento em crimes ambientais na região, durante uma operação do Batalhão de Polícia Ambiental e da Polícia Militar, de combate ao desmatamento ilegal na região.
Neste sentido, a CPT se soma aos povos e comunidades tradicionais de Rondônia na luta pela sua dignidade, reconhecimento e permanência na terra de seus ancestrais, ao mesmo tempo que reivindica justiça diante dos crimes cometidos contra o direito à educação, à liberdade religiosa e à cultura do povo Puruborá.
Comissão Pastoral da Terra (CPT) - Regional Rondônia
21 de outubro de 2025
https://cptnacional.org.br/2025/10/21/nota-solidariedade-povo-purubora/
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source