From Indigenous Peoples in Brazil
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Desmatamento e metas climáticas brasileiras
06/11/2025
Autor: BORGES, Bráulio
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Desmatamento e metas climáticas brasileiras
Biomas do país podem se tornar sumidouros de carbono com redução no desmate
Isso faria Brasil cumprir objetivos e gerar excedente monetizável via créditos de carbono
06/11/2025
Bráulio Borges
Doutorando em economia da FGV EESP, mestre em economia na FEA-USP, é diretor da LCA Consultores e pesquisador-associado do FGV Ibre
Na semana passada, foram divulgados os números do desmatamento no Brasil, apurados pelo sistema Prodes, do Inpe. Na região da Amazônia Legal, houve uma queda de 11% no período compreendido de agosto de 2024 a julho de 2024 ante período homólogo de 2024/23.
Também houve recuo nos desmatamentos no bioma cerrado, de 11,5%. Somando os desmatamentos nesses dois biomas, tivemos, em 2024/25, a menor leitura em quase 40 anos.
Nesta semana, o Observatório do Clima, no âmbito do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), divulgou as estimativas das emissões no Brasil em 2024. Houve uma queda de quase 17% das emissões brutas ante 2023. Comparativamente ao pico recente, em 2022, a queda acumulada foi de 22%. Isso aconteceu mesmo com o PIB tendo acumulado uma expansão de 6,7% no biênio 2023/24.
O principal fator por detrás dessa queda das emissões foi justamente o fenômeno descrito no primeiro parágrafo. No Brasil, em contraste com os demais países, boa parte das emissões de gases de efeito estufa advém dos desmatamentos (pouco mais de 40% das emissões brutas) e da agricultura, sobretudo da pecuária (quase 30% do total). Ou seja: somente 30% de nossas emissões são oriundas da queima de combustíveis de origem fóssil e de outras atividades.
Mas a vegetação nativa "em pé" também presta um serviço ecossistêmico importante, ao absorver o dióxido de carbono da atmosfera global por meio da fotossíntese. Com efeito, as emissões líquidas de gases de efeito estufa no Brasil são inferiores às brutas. Em 2024, essas emissões líquidas equivaleram a 1,44 gigatonelada de CO2 equivalente. Trata-se de um montante quase 40% abaixo do valor de 2005 -que é o ano de referência considerado na definição das metas de redução de emissões definidas no âmbito do Acordo de Paris, em 2015.
A meta para 2025 estabelece uma redução de 48% dessas emissões líquidas, ao passo que a meta para 2030 indica redução de 53%, passando a 59% a 67% em 2035 (sempre em relação a 2005). Estamos bem próximos de cumprir a meta para 2025. Mas e as metas de 2030 e 2035, que demandariam, pela ordem, reduções adicionais de cerca de 20% e 30% a 43% ante 2024?
O governo tem anunciado diversas medidas para tentar viabilizar isso, tais como a Lei do Combustível do Futuro e o Plano Clima, entre outras. A matriz elétrica brasileira já é extremamente "limpa", com cerca de 90% da eletricidade de origem renovável, e isso deverá aumentar nos próximos anos. Ainda assim, continuar reduzindo os desmatamentos é crucial para que consigamos cumprir essas metas.
Alguns exercícios econométricos preparados por mim indicam que reduzir os desmatamentos na Amazônia Legal e no cerrado em 10% ao ano entre 2025 e 2035 poderia fazer com que, pela primeira vez em muitas décadas, os biomas brasileiros se tornassem sumidouros de carbono. Ou seja: suas emissões líquidas de gases de efeito estufa, que têm sido positivas há pelo menos 40 anos, se tornariam negativas.
Caso os desmatamentos nesses dois biomas passem de 13 mil km2 em 2024/25 para 5.000 km2 em 2034/35 (queda de 10% ao ano), as emissões associadas a esse setor transitariam de um valor positivo em cerca de 250 milhões de toneladas de CO2 equivalente para um valor negativo próximo de 1 bilhão daqui a dez anos. Isso não somente viabilizaria o cumprimento das metas brasileiras como poderia gerar um excedente, que poderia ser monetizado por meio da exportação de créditos de carbono.
Vale notar que a União Europeia, que hoje negocia esses créditos em cerca de US$ 90/tonelada, anunciou recentemente que uma parcela importante de suas metas de redução de emissões, até 5%, será viabilizada por meio da aquisição de créditos em outras jurisdições.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/braulio-borges/2025/11/desmatamento-e-metas-climaticas-brasileiras.shtml
Biomas do país podem se tornar sumidouros de carbono com redução no desmate
Isso faria Brasil cumprir objetivos e gerar excedente monetizável via créditos de carbono
06/11/2025
Bráulio Borges
Doutorando em economia da FGV EESP, mestre em economia na FEA-USP, é diretor da LCA Consultores e pesquisador-associado do FGV Ibre
Na semana passada, foram divulgados os números do desmatamento no Brasil, apurados pelo sistema Prodes, do Inpe. Na região da Amazônia Legal, houve uma queda de 11% no período compreendido de agosto de 2024 a julho de 2024 ante período homólogo de 2024/23.
Também houve recuo nos desmatamentos no bioma cerrado, de 11,5%. Somando os desmatamentos nesses dois biomas, tivemos, em 2024/25, a menor leitura em quase 40 anos.
Nesta semana, o Observatório do Clima, no âmbito do Seeg (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), divulgou as estimativas das emissões no Brasil em 2024. Houve uma queda de quase 17% das emissões brutas ante 2023. Comparativamente ao pico recente, em 2022, a queda acumulada foi de 22%. Isso aconteceu mesmo com o PIB tendo acumulado uma expansão de 6,7% no biênio 2023/24.
O principal fator por detrás dessa queda das emissões foi justamente o fenômeno descrito no primeiro parágrafo. No Brasil, em contraste com os demais países, boa parte das emissões de gases de efeito estufa advém dos desmatamentos (pouco mais de 40% das emissões brutas) e da agricultura, sobretudo da pecuária (quase 30% do total). Ou seja: somente 30% de nossas emissões são oriundas da queima de combustíveis de origem fóssil e de outras atividades.
Mas a vegetação nativa "em pé" também presta um serviço ecossistêmico importante, ao absorver o dióxido de carbono da atmosfera global por meio da fotossíntese. Com efeito, as emissões líquidas de gases de efeito estufa no Brasil são inferiores às brutas. Em 2024, essas emissões líquidas equivaleram a 1,44 gigatonelada de CO2 equivalente. Trata-se de um montante quase 40% abaixo do valor de 2005 -que é o ano de referência considerado na definição das metas de redução de emissões definidas no âmbito do Acordo de Paris, em 2015.
A meta para 2025 estabelece uma redução de 48% dessas emissões líquidas, ao passo que a meta para 2030 indica redução de 53%, passando a 59% a 67% em 2035 (sempre em relação a 2005). Estamos bem próximos de cumprir a meta para 2025. Mas e as metas de 2030 e 2035, que demandariam, pela ordem, reduções adicionais de cerca de 20% e 30% a 43% ante 2024?
O governo tem anunciado diversas medidas para tentar viabilizar isso, tais como a Lei do Combustível do Futuro e o Plano Clima, entre outras. A matriz elétrica brasileira já é extremamente "limpa", com cerca de 90% da eletricidade de origem renovável, e isso deverá aumentar nos próximos anos. Ainda assim, continuar reduzindo os desmatamentos é crucial para que consigamos cumprir essas metas.
Alguns exercícios econométricos preparados por mim indicam que reduzir os desmatamentos na Amazônia Legal e no cerrado em 10% ao ano entre 2025 e 2035 poderia fazer com que, pela primeira vez em muitas décadas, os biomas brasileiros se tornassem sumidouros de carbono. Ou seja: suas emissões líquidas de gases de efeito estufa, que têm sido positivas há pelo menos 40 anos, se tornariam negativas.
Caso os desmatamentos nesses dois biomas passem de 13 mil km2 em 2024/25 para 5.000 km2 em 2034/35 (queda de 10% ao ano), as emissões associadas a esse setor transitariam de um valor positivo em cerca de 250 milhões de toneladas de CO2 equivalente para um valor negativo próximo de 1 bilhão daqui a dez anos. Isso não somente viabilizaria o cumprimento das metas brasileiras como poderia gerar um excedente, que poderia ser monetizado por meio da exportação de créditos de carbono.
Vale notar que a União Europeia, que hoje negocia esses créditos em cerca de US$ 90/tonelada, anunciou recentemente que uma parcela importante de suas metas de redução de emissões, até 5%, será viabilizada por meio da aquisição de créditos em outras jurisdições.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/braulio-borges/2025/11/desmatamento-e-metas-climaticas-brasileiras.shtml
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