De Povos Indígenas no Brasil
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Marcha durante a COP30 reúne cerca de 70 mil pessoas em Belém
15/11/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
Marcha durante a COP30 reúne cerca de 70 mil pessoas em Belém; veja vídeo
Tradicional das conferências da ONU sobre clima, mobilização não acontecia desde 2021
Manifestação pacífica pediu justiça climática e fez funeral simbólico dos combustíveis fósseis
15/11/2025
Geovana Oliveira e Jorge Abreu
A Marcha Global pelo Clima reuniu cerca de 70 mil pessoas em Belém neste sábado (15), durante a COP30, para pedir justiça climática. O número de participantes foi divulgado pela organização da Cúpula dos Povos, evento de movimentos sociais que acontece em paralelo com o evento das Nações Unidas.
Com o mote "Da Amazônia para o Mundo: Fim da Desigualdade e Racismo Ambiental; Justiça Climática já", pessoas de diversos países, principalmente da amazônia brasileira, caminharam de forma pacífica por cerca de 4 km entre o mercado de São Brás e a Aldeia Amazônica (local de desfiles de escola de samba).
A marcha, tradicional das conferências da ONU sobre clima, não acontecia desde 2021, quando foi realizada em Glasgow, na Escócia, por cem mil pessoas. Nos últimos anos, as COPs aconteceram em países com restrição à liberdade de expressão.
Desta vez, diferentes movimentos sociais levaram faixas e gritos de ordem em relação à crise climática e aos direitos humanos. Músicas de protesto no ritmo de carimbó, brega e rap, além de canções de indígenas e de trabalhadores rurais, acompanharam o percurso.
O cortejo simulou ainda um velório dos combustíveis fósseis, com grandes caixões e participação de atores.
Os participantes que mais chamaram atenção, entretanto, foram os indígenas da amazônia brasileira. Por volta das 9h, quando se iniciava a passeata, os povos indígenas do baixo Tapajós -que tentaram invadir a zona azul da COP30 no início da semana- tomaram a frente do movimento.
"É o baixo Tapajós, viemos aqui para participar", cantavam para iniciar o protesto. Eles levavam faixas com frases pedindo a revogação do decreto que estabeleceu uma hidrovia nos rios Tapajós, Tocantins e Madeira.
A oposição à hidrovia, junto à demanda pelo cancelamento da Ferrogrão e da exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas, foram algumas das principais pautas da manifestação. Em cima de uma van, por exemplo, um boneco do presidente Lula aparecia bebendo petróleo em um canudo.
O números de indígenas chegou a 3.000, afirma Kleber Karipuna, coordenador da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). Ele destaca que essa é a maior participação de indígenas em uma conferência do clima da ONU.
"O mundo reconhece a importância dos territórios dos povos indígenas e tradicionais. Esses atores são essenciais para o enfrentamento à emergência climática, para a proteção da biodiversidade do planeta", disse Karipuna.
Os diferentes povos indígenas, dos mundurukus da amazônia aos pataxós da Bahia, pediram também a demarcação de terras como política de proteção ambiental nos três carros de som que conduziram a marcha.
Entre os defensores ambientais, o rosto do seringueiro Chico Mendes (1944-1988) se repetiu durante todo o percurso, em forma de cartazes e máscaras. "Chico Mendes é a maior referência para nós que defendemos a amazônia", diz Rudinei Borges, do grupo de teatro Chico Mendes, de Santarém (PA).
Movimentos sociais como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), além do CPT (Comissão Pastoral da Terra) e outras organizações campesinas, também fizeram volume na manifestação.
De outros países, a CAN (Climate Action Network) reuniu diversos ativistas que pediam justiça climática em inglês, enquanto outros grupos difusos apresentavam demandas específicas.
Foi o caso de Caroline Muturi, de Nairóbi (Quênia), que reivindicou financiamento climático direto a países africanos que estão sofrendo com a elevação do nível do mar. Ela afirmou estar tentando se manter esperançosa com os resultados da COP. "Já foram 30 até agora e ainda não tivemos resultado", disse.
Jacob Jones, indígena do Arizona (EUA) e membro da Wisdom Keepers Delegations, comemorou a ausência da delegação americana na COP30. "É bom que os EUA não participem, eles agem como 'bullies' [valentões] e impedem que as discussões avancem. Sem eles, o resto do mundo tem a oportunidade de debater", disse.
Na marcha, mulheres levaram uma escultura do presidente Donald Trump sendo carregado por um trabalhador. Nomeada "The Orange Plague" (praga laranja), a obra critica as políticas negacionistas e contrárias à transição energética do republicano.
Jovens do semiárido de países como Honduras, México, Nicarágua e El Salvador também participaram da marcha, colocando a seca entre os temas discutidos. Havia ainda delegações da caatinga, cerrado e mata atlântica.
A Palestina também ocupou grande espaço da marcha. Gritos de "Palestina livre" se repetiam ao lado de bandeiras. Esteve presente o ativista Thiago Ávila, um dos representantes do Brasil na Coalizão Flotilha da Liberdade que tentou levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptada duas vezes por Israel.
Ávila, que também é ativista por justiça climática, fez duras críticas ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em um carro de som. "O governo estadual é um governo de latifundiários, ligado à megamineração. Um governo que reproduz todas as grandes violações que estão aqui, portanto é uma contradição imensa esta COP30", disse.
Por volta das 12h, todo o grupo, que incluiu ainda de membros do movimento Hare Krishna a luteranos pelo clima, se dispersou ao chegar na Aldeia Amazônica, palco dos desfiles de Carnaval em Belém. Nenhum incidente foi registrado ao longo do trajeto.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/marcha-durante-a-cop30-reune-cerca-de-70-mil-pessoas-em-belem-veja-video.shtml
Tradicional das conferências da ONU sobre clima, mobilização não acontecia desde 2021
Manifestação pacífica pediu justiça climática e fez funeral simbólico dos combustíveis fósseis
15/11/2025
Geovana Oliveira e Jorge Abreu
A Marcha Global pelo Clima reuniu cerca de 70 mil pessoas em Belém neste sábado (15), durante a COP30, para pedir justiça climática. O número de participantes foi divulgado pela organização da Cúpula dos Povos, evento de movimentos sociais que acontece em paralelo com o evento das Nações Unidas.
Com o mote "Da Amazônia para o Mundo: Fim da Desigualdade e Racismo Ambiental; Justiça Climática já", pessoas de diversos países, principalmente da amazônia brasileira, caminharam de forma pacífica por cerca de 4 km entre o mercado de São Brás e a Aldeia Amazônica (local de desfiles de escola de samba).
A marcha, tradicional das conferências da ONU sobre clima, não acontecia desde 2021, quando foi realizada em Glasgow, na Escócia, por cem mil pessoas. Nos últimos anos, as COPs aconteceram em países com restrição à liberdade de expressão.
Desta vez, diferentes movimentos sociais levaram faixas e gritos de ordem em relação à crise climática e aos direitos humanos. Músicas de protesto no ritmo de carimbó, brega e rap, além de canções de indígenas e de trabalhadores rurais, acompanharam o percurso.
O cortejo simulou ainda um velório dos combustíveis fósseis, com grandes caixões e participação de atores.
Os participantes que mais chamaram atenção, entretanto, foram os indígenas da amazônia brasileira. Por volta das 9h, quando se iniciava a passeata, os povos indígenas do baixo Tapajós -que tentaram invadir a zona azul da COP30 no início da semana- tomaram a frente do movimento.
"É o baixo Tapajós, viemos aqui para participar", cantavam para iniciar o protesto. Eles levavam faixas com frases pedindo a revogação do decreto que estabeleceu uma hidrovia nos rios Tapajós, Tocantins e Madeira.
A oposição à hidrovia, junto à demanda pelo cancelamento da Ferrogrão e da exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas, foram algumas das principais pautas da manifestação. Em cima de uma van, por exemplo, um boneco do presidente Lula aparecia bebendo petróleo em um canudo.
O números de indígenas chegou a 3.000, afirma Kleber Karipuna, coordenador da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil). Ele destaca que essa é a maior participação de indígenas em uma conferência do clima da ONU.
"O mundo reconhece a importância dos territórios dos povos indígenas e tradicionais. Esses atores são essenciais para o enfrentamento à emergência climática, para a proteção da biodiversidade do planeta", disse Karipuna.
Os diferentes povos indígenas, dos mundurukus da amazônia aos pataxós da Bahia, pediram também a demarcação de terras como política de proteção ambiental nos três carros de som que conduziram a marcha.
Entre os defensores ambientais, o rosto do seringueiro Chico Mendes (1944-1988) se repetiu durante todo o percurso, em forma de cartazes e máscaras. "Chico Mendes é a maior referência para nós que defendemos a amazônia", diz Rudinei Borges, do grupo de teatro Chico Mendes, de Santarém (PA).
Movimentos sociais como MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), além do CPT (Comissão Pastoral da Terra) e outras organizações campesinas, também fizeram volume na manifestação.
De outros países, a CAN (Climate Action Network) reuniu diversos ativistas que pediam justiça climática em inglês, enquanto outros grupos difusos apresentavam demandas específicas.
Foi o caso de Caroline Muturi, de Nairóbi (Quênia), que reivindicou financiamento climático direto a países africanos que estão sofrendo com a elevação do nível do mar. Ela afirmou estar tentando se manter esperançosa com os resultados da COP. "Já foram 30 até agora e ainda não tivemos resultado", disse.
Jacob Jones, indígena do Arizona (EUA) e membro da Wisdom Keepers Delegations, comemorou a ausência da delegação americana na COP30. "É bom que os EUA não participem, eles agem como 'bullies' [valentões] e impedem que as discussões avancem. Sem eles, o resto do mundo tem a oportunidade de debater", disse.
Na marcha, mulheres levaram uma escultura do presidente Donald Trump sendo carregado por um trabalhador. Nomeada "The Orange Plague" (praga laranja), a obra critica as políticas negacionistas e contrárias à transição energética do republicano.
Jovens do semiárido de países como Honduras, México, Nicarágua e El Salvador também participaram da marcha, colocando a seca entre os temas discutidos. Havia ainda delegações da caatinga, cerrado e mata atlântica.
A Palestina também ocupou grande espaço da marcha. Gritos de "Palestina livre" se repetiam ao lado de bandeiras. Esteve presente o ativista Thiago Ávila, um dos representantes do Brasil na Coalizão Flotilha da Liberdade que tentou levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e foi interceptada duas vezes por Israel.
Ávila, que também é ativista por justiça climática, fez duras críticas ao governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), em um carro de som. "O governo estadual é um governo de latifundiários, ligado à megamineração. Um governo que reproduz todas as grandes violações que estão aqui, portanto é uma contradição imensa esta COP30", disse.
Por volta das 12h, todo o grupo, que incluiu ainda de membros do movimento Hare Krishna a luteranos pelo clima, se dispersou ao chegar na Aldeia Amazônica, palco dos desfiles de Carnaval em Belém. Nenhum incidente foi registrado ao longo do trajeto.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/marcha-durante-a-cop30-reune-cerca-de-70-mil-pessoas-em-belem-veja-video.shtml
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