De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
COP30 encerra terceiro dia com duplo entrave em negociações
13/11/2025
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
COP30 encerra terceiro dia com duplo entrave em negociações
Bloco de países da África questionam viabilidade de metas de adaptação climática
Arábia Saudita lidera grupo de insatisfeitos com modelo de financiamento e força adiamento da agenda de discussões em Belém
13/11/2025
Lucas Alonso
No terceiro dia da COP30, a conferência climática da ONU em Belém (PA), a Folha teve acesso ao primeiro rascunho do texto negociado sobre o tema da adaptação -a maneira como os países podem se preparar para os efeitos adversos da crise do clima.
A reportagem também ouviu de negociadores, sob anonimato, como a Arábia Saudita foi o pivô de um impasse para a definição da agenda de discussões da conferência.
Entenda a seguir os significados desses e de outros acontecimentos desta quarta-feira (12).
1. África freia avanço de negociação sobre adaptação climática
A decisão mais importante a ser tomada na COP30 esbarrou em um impasse já no terceiro dia da conferência -o que é normal em uma negociação tão ampla, mas que pode desperdiçar anos de trabalhos técnicos e deixar a conclusão do evento mais distante de ações práticas.
A meta de adaptação climática (GGA, na sigla em inglês) é o mecanismo que traça um caminho para se preparar para eventos extremos cada vez mais frequentes. A discussão na COP30 é sobre os chamados indicadores de adaptação. A lista desses itens deve definir, por exemplo, diretrizes para a saúde pública estar preparada para ondas de calor ou para sistemas de irrigação em terras agrícolas driblarem secas extremas.
Quem travou as negociações nesse sentido foi o bloco de países africanos -as nações participantes se reúnem em blocos durante os diálogos da COP. O principal argumento é que esses países, em geral, são mais vulneráveis e não conseguiriam responder com a mesma velocidade a novas exigências.
O impasse -que pode se resolver, é só o começo das negociações- é um exemplo do dilema característico das conferências climáticas: a velha divisão entre quem sofre mais com a crise e quem deve pagar a conta.
2. Arábia Saudita gera impasse com países ricos e adiamento de decisão
A divisão sobre quem deve arcar com os custos da crise climática também foi o motivo de outro entrave na COP30. Nesse caso, foi a Arábia Saudita que, à frente de um grupo de países insatisfeitos com o rumo das negociações sobre financiamento climático, levou ao adiamento de uma decisão que seria tomada já nesta quarta.
Esperava-se a divulgação de um documento com resultados das consultas aos países sobre quatro pontos centrais que podem entrar na agenda para discussão em Belém: financiamento, transparência, resposta à crise das metas climáticas e medidas unilaterais de comércio. Agora tudo ficou para o sábado (15).
Os sauditas e o bloco dos insatisfeitos querem reabrir uma discussão definida na COP29, no Azerbaijão. Ficou estabelecido naquela edição que US$ 300 bilhões por ano seriam a quantia com que os países ricos se comprometeriam para financiar a transição energética nos países pobres. Ninguém considera esse montante suficiente (a promessa é caminhar para US$ 1,3 trilhão por ano). Mesmo assim, o argumento de quem quer mantê-lo é de que, uma vez decidido, decidido está.
Na perspectiva da COP30, reabrir essa discussão poderia contaminar outras frentes das negociações e torná-las inócuas. Em uma perspectiva mais ampla, geraria um efeito dominó que atrasaria mais ainda a transformação de promessas em compromissos concretos.
3. Protesto saiu do controle, mas foi ato de resistência, dizem indígenas
Depois da confusão entre manifestantes e seguranças na área restrita da COP30, o grupo indígena que organizou o protesto admitiu que o ato saiu do controle, mas descreveu o episódio como um "recado de resistência". A entrada na zona azul, reservada para negociadores e delegações de países, seria um ato simbólico pela cobrança de participação de povos tradicionais nas decisões da conferência.
É uma causa antiga e recorrente dos movimentos indígenas, historicamente entre os mais afetados por práticas também ligadas à crise do clima, como desmatamento e expansão de projetos de infraestrutura que alteram rios, florestas e modos de vida ao avançar sobre seus territórios.
Essa é ainda uma das bandeiras para a qual a Cúpula dos Povos, iniciada nesta quarta, também quer chamar a atenção. Paralelo à COP30, o evento tem o objetivo de discutir a crise climática a partir das experiências das pessoas, sem o foco em números e metas. O ato inaugural foi uma barqueata com 150 embarcações e cerca de 5.000 pessoas no rio Guamá, em Belém.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/cop30-encerra-terceiro-dia-com-duplo-entrave-em-negociacoes.shtml
Bloco de países da África questionam viabilidade de metas de adaptação climática
Arábia Saudita lidera grupo de insatisfeitos com modelo de financiamento e força adiamento da agenda de discussões em Belém
13/11/2025
Lucas Alonso
No terceiro dia da COP30, a conferência climática da ONU em Belém (PA), a Folha teve acesso ao primeiro rascunho do texto negociado sobre o tema da adaptação -a maneira como os países podem se preparar para os efeitos adversos da crise do clima.
A reportagem também ouviu de negociadores, sob anonimato, como a Arábia Saudita foi o pivô de um impasse para a definição da agenda de discussões da conferência.
Entenda a seguir os significados desses e de outros acontecimentos desta quarta-feira (12).
1. África freia avanço de negociação sobre adaptação climática
A decisão mais importante a ser tomada na COP30 esbarrou em um impasse já no terceiro dia da conferência -o que é normal em uma negociação tão ampla, mas que pode desperdiçar anos de trabalhos técnicos e deixar a conclusão do evento mais distante de ações práticas.
A meta de adaptação climática (GGA, na sigla em inglês) é o mecanismo que traça um caminho para se preparar para eventos extremos cada vez mais frequentes. A discussão na COP30 é sobre os chamados indicadores de adaptação. A lista desses itens deve definir, por exemplo, diretrizes para a saúde pública estar preparada para ondas de calor ou para sistemas de irrigação em terras agrícolas driblarem secas extremas.
Quem travou as negociações nesse sentido foi o bloco de países africanos -as nações participantes se reúnem em blocos durante os diálogos da COP. O principal argumento é que esses países, em geral, são mais vulneráveis e não conseguiriam responder com a mesma velocidade a novas exigências.
O impasse -que pode se resolver, é só o começo das negociações- é um exemplo do dilema característico das conferências climáticas: a velha divisão entre quem sofre mais com a crise e quem deve pagar a conta.
2. Arábia Saudita gera impasse com países ricos e adiamento de decisão
A divisão sobre quem deve arcar com os custos da crise climática também foi o motivo de outro entrave na COP30. Nesse caso, foi a Arábia Saudita que, à frente de um grupo de países insatisfeitos com o rumo das negociações sobre financiamento climático, levou ao adiamento de uma decisão que seria tomada já nesta quarta.
Esperava-se a divulgação de um documento com resultados das consultas aos países sobre quatro pontos centrais que podem entrar na agenda para discussão em Belém: financiamento, transparência, resposta à crise das metas climáticas e medidas unilaterais de comércio. Agora tudo ficou para o sábado (15).
Os sauditas e o bloco dos insatisfeitos querem reabrir uma discussão definida na COP29, no Azerbaijão. Ficou estabelecido naquela edição que US$ 300 bilhões por ano seriam a quantia com que os países ricos se comprometeriam para financiar a transição energética nos países pobres. Ninguém considera esse montante suficiente (a promessa é caminhar para US$ 1,3 trilhão por ano). Mesmo assim, o argumento de quem quer mantê-lo é de que, uma vez decidido, decidido está.
Na perspectiva da COP30, reabrir essa discussão poderia contaminar outras frentes das negociações e torná-las inócuas. Em uma perspectiva mais ampla, geraria um efeito dominó que atrasaria mais ainda a transformação de promessas em compromissos concretos.
3. Protesto saiu do controle, mas foi ato de resistência, dizem indígenas
Depois da confusão entre manifestantes e seguranças na área restrita da COP30, o grupo indígena que organizou o protesto admitiu que o ato saiu do controle, mas descreveu o episódio como um "recado de resistência". A entrada na zona azul, reservada para negociadores e delegações de países, seria um ato simbólico pela cobrança de participação de povos tradicionais nas decisões da conferência.
É uma causa antiga e recorrente dos movimentos indígenas, historicamente entre os mais afetados por práticas também ligadas à crise do clima, como desmatamento e expansão de projetos de infraestrutura que alteram rios, florestas e modos de vida ao avançar sobre seus territórios.
Essa é ainda uma das bandeiras para a qual a Cúpula dos Povos, iniciada nesta quarta, também quer chamar a atenção. Paralelo à COP30, o evento tem o objetivo de discutir a crise climática a partir das experiências das pessoas, sem o foco em números e metas. O ato inaugural foi uma barqueata com 150 embarcações e cerca de 5.000 pessoas no rio Guamá, em Belém.
https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2025/11/cop30-encerra-terceiro-dia-com-duplo-entrave-em-negociacoes.shtml
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