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Lideranças Guarani marcam presença na Marcha Global pelo Clima em Belém

15/11/2025

Fonte: yvyrupa - https://www.yvyrupa.org.br



Cerca de 40 representantes do povo Guarani se uniram a milhares de pessoas na luta por justiça climática durante a COP30.

Por: Assessoria de Comunicação da CGY

Na manhã desta sexta-feira (15), cerca de 40 lideranças Guarani se uniram a milhares de representantes de povos indígenas do Brasil e do mundo, além de movimentos sociais, quilombolas, extrativistas e comunidades tradicionais, na Marcha Global pelo Clima - um ato que tomou as ruas de Belém em defesa da justiça climática. A mobilização expressou a pluralidade de vozes que integram a Cúpula dos Povos, encontro autônomo formado por mais de 1.100 organizações e organizado como contraponto às negociações oficiais da COP30.

A marcha percorreu 4,5 quilômetros, partindo do tradicional Mercado de São Brás até a Aldeia Cabana, local simbólico de resistência na Amazônia e território associado à memória da Revolta da Cabanagem. Durante o trajeto, ecoaram gritos como "Demarcação Já", cartazes referentes ao impacto dos agronegócios nos territórios indígenas, além de rezos e cantos tradicionais que reafirmaram a presença espiritual e política dos povos indígenas na luta climática.

Para Ivanildes Kerexu, Coordenadora Tenondé da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a marcha reforça o papel dos povos indígenas como voz crítica dentro do contexto da COP30, denunciando as falsas soluções climáticas negociadas por grandes interesses econômicos.

"A COP30 fala de mudanças climáticas, mas parece fachada. Eles negociam carbono, negociam a floresta e nada disso é pensado em nós. Não estão pensando em uma sociedade justa ou sustentável: estão pensando no bolso deles. Nós estamos aqui não porque concordamos, mas para contrapor tudo isso e garantir que nossa voz seja ouvida", afirmou.

Um dos momentos de maior destaque do ato foi a presença das mulheres Guarani, que marcharam de mãos dadas, entoando cantos e rezos tradicionais ao lado dos homens, que tocavam mbaraka. A cena chamou a atenção de passantes, que pararam para fotografar e testemunhar o momento.

Segundo Kerexu, esse gesto carrega um profundo significado: "A mulher é quem gera a vida e também quem guarda a cultura, a tradição e a crença. Quando damos as mãos para cantar, fortalecemos nosso espírito. É uma força que vem de cima para que possamos seguir firmes. Isso chama a atenção de quem passa porque transmite essa energia coletiva."

A resposta somos nós
Sob o lema "A resposta somos nós", povos das florestas, dos campos e das águas ocuparam as ruas empunhando cartazes que denunciavam os impactos da monocultura, do avanço do agronegócio e da demora na demarcação de terras indígenas - questões diretamente ligadas ao agravamento da crise climática.

A Marcha Global pelo Clima representou também o retorno da mobilização às ruas, após quatro anos em que o ato foi inviabilizado - seja pela pandemia, seja pela realização das últimas COPs em contextos que restringiam protestos. Em Belém, a presença expressiva de povos e movimentos sociais reafirmou que a defesa do clima passa, necessariamente, pela garantia dos direitos territoriais dos povos indígenas, responsáveis pela proteção das maiores áreas de floresta preservada do país.

https://www.yvyrupa.org.br/2025/11/15/liderancas-guarani-marcam-presenca-na-marcha-global-pelo-clima-em-belem/
 

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