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Protestos são legítimos na COP com mais indígenas da história, dizem ONGs

14/11/2025

Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/f



Protestos são legítimos na COP com mais indígenas da história, dizem ONGs
Evento no Espaço Folha nesta sexta (14) reuniu ambientalistas que atuam na amazônia e na mata atlântica
Empreendedores sociais debateram legado da cúpula do clima e mecanismos de financiamento

14/11/2025

Gabriela Caseff

Na manhã em que protestos indígenas tomaram conta da entrada da cúpula do clima, líderes socioambientais afirmaram que as manifestações são legítimas na COP com maior participação indígena da história.

"É uma COP sediada no território indígena amazônico, a gente sabe que existe emoção, mas o espaço pleiteado por essas populações é legítimo", disse Caetano Scannavino, coordenador do projeto paraense Saúde & Alegria.

"Temos a maior participação indígena de todos os tempos, e se a gente fala que o futuro é ancestral, nada melhor que dar mais espaço para a voz deles, o que não quer dizer espaço para violência", completou ele.

Scannavino participou do painel "Bioeconomia e inovação na amazônia", realizado no Espaço Folha em Belém, com mediação da jornalista Eliane Trindade.

O talk show Papo de Responsa Especial COP30 reúne, nos dias 14 e 16 de novembro, representantes da Rede Folha de Empreendedores Sociais, composta por finalistas e vencedores do Prêmio Empreendedor Social, e atores do ecossistema de impacto socioambiental no país.

À frente da 100% Amazonia, negócio de impacto que valoriza a biodiversidade em ganha-ganha com comunidades ribeirinhas, Fernanda Stefani disse que, há dois anos, quando o Brasil foi anunciado como anfitrião da cúpula climática, ela não tinha expectativas sobre a COP da amazônia.

"Hoje vejo que era essencial a conferência vir para cá. As populações que vivem nas cidades têm pouca consciência dessa crise climática e muita gente de fora está se deixando permear pela amazônia", diz ela, que vive há 20 anos em Belém.

Ambos concordaram que as negociações na COP30 devem trazer poucas soluções concretas para o clima, refletindo desinteresses globais -como o dos Estados Unidos, que não enviaram delegação oficial para a cúpula.

Também criticaram o modelo de ocupação territorial da região, baseado em desmatamento ilegal, pecuária de baixa produtividade e monocultura, que teria levado a região aos piores índices de desenvolvimento humano do país.

Eles sugerem a valorização da biodiversidade e dos guardiões da floresta como contraponto a esse modelo, além da taxação a produtos que viriam de uma "economia suja", como soja e carne.

"Por que não olhar a Zona Franca de Manaus como um Vale do Silício amazônico em um tempo em que a riqueza começa a mudar de cor, do preto do petróleo para o verde da floresta?", disse Scannavino.

Outros biomas entraram na discussão a partir da experiência da SOS Mata Atlântica, que veio à COP colocar o tema na mesa de negociações.

Segundo Luis Fernando Guedes, diretor da ONG, a floresta amazônica tem mais relevância globalmente e está passando por processo similar ao da mata atlântica, que sofreu muito desmatamento em décadas anteriores -e que, hoje, é modelo de como enfrentar essa devastação.

"A mata atlântica pode ser um dos primeiros lugares do mundo a alcançar desmatamento zero, ter restauração em grande escala e ser vitrine global de como reverter essa trajetória de destruição", disse Luis Fernando Guedes Pinto, .

Para isso, é fundamental pensar no financiamento não só para a adaptação climática como para mitigar os danos ambientais que já se deram. Impasse que vem travando reuniões na COP pela resistência dos países ricos em assumir a responsabilidade de pagar essa conta.

"O mundo gasta mais dinheiro em guerra do que para resolver o problema do clima. Se pararem de fazer míssil, a gente resolve o clima", afirmou Luis Guedes.

Ele participou da segunda parte do debate ao lado David Hertz, fundador da ONG Gastromotiva, que usa a gastronomia para fortalecer pessoas e comunidades vulneráveis

Para Hertz, o volume de recursos em jogo não resolve o tamanho do problema ambiental. "A transformação tem jornada longa e temos que ver como esse dinheiro chega, de fato, na ponta."

https://www1.folha.uol.com.br/folha-social-mais/2025/11/protestos-sao-legitimos-na-cop-com-mais-indigenas-da-historia-dizem-ongs.shtml
 

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